Queridos, nossa sociedade parace cada vez mais cheia de pessoas temerosas, defensivas e agressivas, agarrando-se ansiosamente às suas propriedades, inclinadas a olhar ao redor com suspeitas, sempre à espera de que um inimigo de repente apareça e cause algum dano. Mesmo assim, essa é nossa vocação: converter o hostis em hospes, o inimigo em convidado, e criar o espaço livre e sem medo, no qual a irmandade pode formar-se e ser experimentada em sua plenitude. A hospitalidade é oferecer amizade sem amarrar o hóspede e liberdade sem abandoná-lo. Hospitalidade não é mudar as pessoas, mas oferecer a elas um espaço no qual a mudança possa acontecer?
Negar a comunhão, optar pelo individualismo, é negar a natureza essencial de Deus e nossa vocação cristã. Sendo a nutareza de Deus pessoal e relacional, o princípio da amizade abre novas fronteiras para um encontro mais pessoal, afetivo e relacional com Deus. Geralmente, as pessoas que encontram dificuldades em estabelecer vínculos afetivos e possais com amigos tendem a trasformar sua relação com Deus em algo tão impessoal quanto suas relações humanas. A forma como tratamos os outros é a forma como tratamos a Deus. Se manipulamos os outros e nossas relações são, basicamente, de natureza política, esta torna-se a forma como nos relacionamos com Deus.
Se apredemos a utilizar pessoas e coisas, teremos uma relação também utilitária com Deus. A verdadeira espiritualidade é algo que transcende a nós mesmos, é interpessoal, é relacional. A amizade e os relacionamentos que construímos são caminhos que nos conduzem a Deus. A imagem de Deus não é refletida no isolamento humano, mas na comunhão. Na bíblia, nosso amor para com Deus é estabelecido a partir do amor que temos para com o próximo. Se não amamos o próximo, não podemos afirmar que amamos a Deus (1 Jo 4:20). Não há como estabelecer qualquer relação com Deus desvinculada das relações humanas.
Essa é a razão pela qual temos tremenda dificuldade de se entregar a Jesus. Nossa grande desconfiança sobre os diversos ensinamentos que recebemos Dele, a grande dificuldade de colocá-los em prática em nosso dia-a-dia. Dentro de nós existe um medo tão grande da entrega que criamos uma resistência. Sentimo-nos ameaçados e procuramos algumas justificativas para não fazer a entrega, buscamos racionalizações para justificar a negação, alguns usam o artificio da desculpa daquelas de dizer que não tem tempo, e tantas outras. O resultado é um estrago enorme na vida espiritual. Eu lembro da frase de Maria quando orava ao Senhor à respeito da escolha: “Deus cumpra em mim o seu querer”, isso sim é alguém que se entrega.
Só conseguimos fortalecer as nossas relações com Deus quando ao me entregar a Ele, vou me descubrindo e a medida que me descubro aumenta a minha segurança e a minha identidade se fortalece, ao fortalecer, Deus derruba conceitos pré existentes e é com essa força que ele acaba com a arrogância dos poderosos, a soberba dos falsos líderes, entre outras coisas. E, é por isso que digo que tudo está dentro de nós, não porque habita um Deus dentro de nós, não somos semi-deuses, é apenas a disponibilidade em deixar Deus plantar sementes de mudanças na nossa vida, tornando-nos pessoas originais pelo propósito que fomos criados.
Necessitamos nos libertar dessa opressão que tem assumido o medo sobre nós, isso é certo. Mas também é certo que temos que nos libertar dos nossos próprios egos internalizado em nós. Não podemos esquecer que somos co-herdeiros do Reino. Temos que ser libertados desse nossos egoísmo, afim de estabelecer uma nova relação com o nosso próximo e desfrutar a vida em abandância pela qual Jesus Cristo morreu e ressuscitou. A única realidade que temos é que Deus fará novas todas as coisas por meio de Jesus, isso inclui a sua vida. E essa realidade, que se manisfesta antecipadamente na família e na igreja que vivem segundo os valores do Reino e é nisso que habita a nossa esperança.
Somos todos um só no Senhor, fiquem em Paz e até amanhã. Bjs,
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